O Pensamento Extremista no Mundo do Simbólico: Uma Construção Rizomática entre a Clínica de Freud e Lacan

     O pensamento extremista tem se tornado um fenômeno cada vez mais visível na sociedade contemporânea, influenciando debates políticos e sociais e levando a conflitos polarizados. À luz da psicanálise freudiana e lacaniana, é possível entender o extremismo como uma tentativa de lidar com as angústias do sujeito inserido no campo do Simbólico, que representa a ordem da linguagem e da cultura. A partir de uma perspectiva rizomática, tal como sugerida pelos filósofos Deleuze e Guattari, o extremismo pode ser interpretado como uma resistência a uma construção múltipla e fluida de significados, optando pela rigidez e pela exclusão de outras possibilidades simbólicas. Diante desse cenário, é necessário refletir sobre os impactos desse fenômeno no campo social e propor alternativas para enfrentá-lo.

Em primeiro lugar, segundo Freud, o sujeito é movido por pulsões que muitas vezes escapam ao controle consciente. No pensamento extremista, observa-se uma tendência a canalizar essas pulsões em direção a uma visão de mundo maniqueísta, que simplifica a complexidade da realidade e promove uma divisão radical entre "bem" e "mal". A teoria lacaniana do Simbólico complementa essa análise ao destacar que o sujeito se constitui a partir de uma relação com o Outro, ou seja, com a linguagem e as normas sociais. O extremismo surge como uma tentativa de negar essa alteridade, buscando um retorno ao Imaginário, onde as divisões são mais claras e confortáveis, evitando a angústia causada pela multiplicidade de significados que o Simbólico impõe.

Além disso, a ideia de uma "construção rizomática", proposta por Deleuze e Guattari, oferece uma metáfora interessante para entender a fluidez das conexões simbólicas que estruturam o pensamento humano. Enquanto o rizoma representa a multiplicidade e a interconexão, o pensamento extremista se coloca na contramão dessa dinâmica, optando por uma visão rígida e hierárquica. A estrutura rizomática permite uma abertura ao diverso e ao múltiplo, enquanto o extremismo busca a homogeneidade e a exclusão de qualquer diferença. Assim, o extremista rejeita a complexidade rizomática do Simbólico e busca refúgio em uma estrutura fixa, gerando divisões sociais e políticas perigosas.

Diante desses desafios, é fundamental pensar em intervenções que promovam uma maior abertura para a pluralidade de ideias e para o diálogo. No âmbito educacional, a implementação de programas que incentivem o pensamento crítico e a capacidade de lidar com diferentes perspectivas é crucial para combater a rigidez do pensamento extremista. Além disso, é necessário fortalecer espaços de debate e convivência, tanto no ambiente digital quanto no presencial, que incentivem a troca respeitosa de ideias e a valorização da diversidade simbólica. A psicanálise, ao oferecer uma compreensão profunda das motivações inconscientes por trás do extremismo, pode contribuir para políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da saúde mental e do diálogo social.

Em suma, o pensamento extremista, quando analisado à luz da psicanálise e da filosofia contemporânea, revela-se como uma reação à complexidade do mundo Simbólico, buscando simplificações rígidas e excludentes. Para enfrentá-lo, é essencial promover uma cultura que valorize a diversidade e o diálogo, abrindo espaço para uma construção rizomática de significados, onde o múltiplo possa coexistir. Assim, será possível construir uma sociedade mais inclusiva e menos suscetível aos perigos da polarização.os perigos da polarização.

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