O Inconsciente para Schopenhauer e outros Autores Clássicos

 


Arthur Schopenhauer, um dos grandes filósofos do século XIX, é conhecido por sua visão pessimista da vida e pela ênfase nos impulsos irracionais que governam o comportamento humano. Embora não utilizasse o termo "inconsciente" da mesma maneira que Freud faria mais tarde, suas ideias influenciaram significativamente o desenvolvimento da psicanálise e a compreensão moderna do inconsciente.

 

 Schopenhauer e o Inconsciente:

 

Schopenhauer introduziu a ideia de que a verdadeira motivação dos seres humanos reside em uma "vontade" irracional e inconsciente, que ele via como a força fundamental da vida. Esta vontade é cega e insaciável, impulsionando o comportamento humano de maneiras que frequentemente escapam à nossa compreensão consciente.

 

 Influência e Discussões por Autores Clássicos:

 

Diversos filósofos clássicos e estudiosos da filosofia discutiram e expandiram as ideias de Schopenhauer, frequentemente ligando-as ao conceito de inconsciente:

 

1. Friedrich Nietzsche: Nietzsche foi profundamente influenciado por Schopenhauer, especialmente na ideia de que as forças irracionais e inconscientes desempenham um papel central na vida humana. Em "Assim Falou Zaratustra" (1883-1885) e "Para Além do Bem e do Mal" (1886), Nietzsche explora como a vontade de poder (uma noção que ele desenvolve a partir da "vontade" de Schopenhauer) permeia toda a existência humana.

 

2. Sigmund Freud: Embora Freud seja mais conhecido como o pai da psicanálise, ele reconheceu a influência das ideias de Schopenhauer sobre a vontade e o inconsciente. Freud admitiu que Schopenhauer tinha antecipado muitos dos seus insights sobre a natureza irracional dos desejos humanos.

 

3. Carl Jung: Jung, que desenvolveu a psicologia analítica, também foi influenciado por Schopenhauer, especialmente na sua teoria do inconsciente coletivo. Jung viu a obra de Schopenhauer como precursora das ideias sobre a profundidade e complexidade da psique humana.

 

4. Eduard Von Hartmann: Um filósofo menos conhecido, von Hartmann combinou as ideias de Schopenhauer e Hegel em sua obra "A Filosofia do Inconsciente" (1869). Ele argumentou que o inconsciente é a base da vida psíquica e integra tanto aspectos irracionais (como Schopenhauer propôs) quanto racionais (como Hegel argumentava).

 

5. Henri Bergson: Embora não um seguidor direto de Schopenhauer, Bergson discutiu a ideia de processos mentais inconscientes em seu trabalho sobre a natureza do tempo e da memória, especialmente em "Matéria e Memória" (1896).

  

Conclusão

 

Schopenhauer estabeleceu um alicerce para a noção moderna do inconsciente, antecipando muitas das ideias que seriam mais tarde desenvolvidas por Freud e outros pensadores. Sua influência pode ser rastreada através dos trabalhos de muitos filósofos clássicos, que expandiram e reinterpretaram suas ideias para explorar as profundezas da psique humana.

  

Referências Bibliográficas:

  

BERGSON, Henri. Matéria e Memória. Traduzido por Nancy Margaret Paul e W. Scott Palmer, Zone Books, 1988.

FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Editado e traduzido por Jayme Salomão, Vol. 19, Imago Editora, 1996.

HARTMANN, Eduard von. Filosofia do Inconsciente. Traduzido por William Chatterton Coupland, Harcourt, Brace & Co., 1931.

JUNG, Carl. Memórias, Sonhos, Reflexões. Editado por Aniela Jaffé, traduzido por Dora Ferreira da Silva, Editora Nova Fronteira, 1983.

NIETZSCHE, Friedrich. Além do Bem e do Mal: Prelúdio a uma Filosofia do Futuro. Traduzido por Walter Kaufmann, Vintage, 1966.

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